domingo, 21 de dezembro de 2008

Depois do apocalipse, férias!!


A praça da liberdade está toda iluminada. A cidade está intransitável. Um passeio ao shopping é praticamente uma epopéia. As empresas começam a nos presentear com agendas. Na TV já passam filmes e propagandas com temática natalina. Os papais noéis já estão morrendo de calor. O Brasil espera com grande ansiedade o especial de fim de ano do Roberto Carlos.
Não adianta espernear nem fazer calundu, É NATAL GENTE!
Nessa época do ano sempre fico contaminada pelo inexorável espírito natalino: já encontrei com o pessoal do meu antigo emprego, do atual emprego, com as "mocréias" da época do estágio, participei de amigos ocultos com os amigos do "savassi's place", do "clã" e da festa da casa da célia. Vai entender o porquê, mas sempre fico querendo encontrar a todos (no exíguo espaço de uma semana antes do natal) como se fosse acontecer o apocalipse!! E apesar dos pesares foi tudo muito bom e me diverti horrores!
Mas como diz meu sábio amigo dudu, embora todo mundo fique disfarçando, o bom mesmo dessa época são os feriados, e eu que não sou boba nem nada estou de malas prontas pra Bahia e depois sigo viagem pra Argentina (segundo alguns, para fazer pesquisa de campo para o blog! hehe).
Vou tentar não deixar o blog abandonado, enquanto me divirto na praia, nas milongas, nos asados... (mas aviso logo que vai ser uma tarefa tão difícil quanto manter a dieta e sair pra correr!).
Então é isso, a todos vocês que eu vi, que não vi, que conheço e que nem tenho idéia de quem são, um FELIZ NATAL E QUE VENHA 2009!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Kevin Johansen - Desde que te perdí

Ele é bonito. Ele é divertido. Ele é talentoso. Ele tem uma voz linda. E é por essas e outras que adoramos o Kevin Johansen!
Ah Kevin, canta mais uma vai, beijomeliga

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Pague um mico você também!

Sábado passado, um amigo veio reclamar comigo: "Mas que absurdo essa sua (sic) cidade, como é que só pode andar de ônibus quem tem moeda?". Não precisa nem dizer que era ELE que não tinha moedas! E eu lá tenho culpa desse sistema tão discriminatório e excludente?!
Mal sabia meu amigo que, ao subir num ônibus sem moedas, acabava de viver uma experiência antropológica e uma situação tipicamente porteña!
Se é verdade que lá só quem tem moeda consegue se locomover nesse meio de transporte, também é fato que se você for num "quiosco" comprar uma guloseima ou água, você consegue resolver o problema e sair dessa situação contrangedora. Nem tente trocar seus bilhetes!!! Lá as moedas são raras e não se anda dando por aí, portanto, largue de canguinhagem* e compre algo e, de quebra, contribua para a economia daquele país!
Os ônibus de Buenos Aires fazem parte do folclore local. Cada um tem uma personalidade própria, que depende do motorista, a autoridade máxima que decora o ônibus, põe ou não música, escolhe o estilo musical, enfim, dá a cara do coletivo! Eles são conhecidos pelas cores e pelo número. Se você perguntar alguma informação sobre os coletivos, provavelmente a resposta será um número e a cor! Geralmente eles são velhos e coloridos, e muitos têm desenhos no estilo fileteado! Se você resolver andar de ônibus de bobeira pela cidade, o 64 é uma boa pedida, leve suas moedinhas, brigue para ficar na janela e aproveite a viagem!!!
Além dos números, os coletivos possuem diferentes ramais, que são números que indicam a variação de itinerário.
Ah, lembro como se fosse hoje a primeira vez que andei de ônibus lá, o Sergio tinha me dado umas moedinhas e eu, claro, paguei uma sequência de micos, 1- entrei e não falei nada com o motorista; 2- fiquei parada olhando pra máquina tentando adivinhar onde eu jogava as moedas (se em cima, embaixo ou do lado!), até que uma velhinha gente boa me indicou que era em cima! 3- esqueci do troco e alguém me chamou pra pegá-lo! Como diz a sabedoria popular, vivendo e aprendendo... Hoje eu já não passo tanta vergonha, sei usar mais ou menos o GuiaT (salvador da pátria da maioria da população!) e descobri que tenho que dizer $0,80 pro motorista**, do contrário ele cobra 1 peso!
Bom, espero que você pague o seu respectivo mico quando tomar um ônibus por lá... senão, que graça tem??
* do baianês, pão-duragem.
**espécie de viveza criolla (= malandragem!).

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Iván Noble - Olivia

Adorei essa música e o vídeo!!
p.s.1: A menininha não parece a pequena miss sunshine (magra)?
p.s.2: Depois de muito sofrimento, choro e desespero, consegui descobrir como postar vídeos do youtube aqui, palmas para mim! hehe, Have fun! :)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Fechamento da Abertura




Bom, depois do São Paulo ter sido hexacampeão do Brasileirão 2008, do rebaixamento do Vasco e da classificação do meu amado Botafogo para sulamericana, chegou a hora de descobrir quem é o campeão do torneio Apertura na Argentina!
A decisão está acirradíssima, com nada mais nada menos que 4 clubes com chances de ser campeão.
Isso mesmo, na útilma rodada o San Lorenzo, Boca Juniors e Tigre estão empatados com 36 pontos, sendo que o San Lorenzo lidera pelo saldo de gols (Boca e Tigre estão rigorosamente empatados). Como se não bastasse, o Lanús tem 34 pontos e ainda tem chances, pois, se por um acaso do destino, os 3 primeiros empatarem, pode passar a perna neles e sair campeão! É mole??
Sem falar que, pelo que entendi, se no final todos alcançarem o mesmo número de pontos, pode-se chegar à bizarra situação de 04 clubes disputarem a final (isso porque pelo regulamento na final não vale desempate por saldo de gols então tudo deve ser decidido num quadrangular!).
Enfim, haja coração! Façam suas apostas!



Update: Boca, San Lorenzo e Tigre derrotaram Colón, Argentinos e Banfield, respectivamente, e deverão disputar um mini torneio triangular para definir o Apertura. Lá é tudo tão geométrico, né gente?
Update 2: O Boca saiu campeão (ô novidade!) depois de vencer o San Lorenzo por 3X1 e perder do Tigre, no sufoco, por 1 X 0.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Espírito navideño

Dezembro chegou. E com ele o espírito consumista natalino! Se você vai passar as festas de fim de ano em Buenos Aires aqui seguem algumas dicas de onde você pode se acotovelar com outras milhares de pessoas com um objetivo comum: comprar!

- Av. Córdoba (esquina com Scalabrini Ortiz), mais ou menos nessa altura, tem os outlets da Nike e outras marcas (Levi's, Yves Saint-Laurent, Adidas, etc), que têm produtos com pequenos defeitos ou de outras temporadas baratos.

- Outro lugar cheio de lojas é a Avenida Santa Fé, na altura da estação do metrô "Congresso de Tucumán", tem um montão de lojas, vc fica até tonto! Outro endereço imperdível e cheio de loja: Avenida Cabildo! (principalmente na esquina com a Av. Juramento). Ande por aí sem pressa e prepare-se pra gastar sola de sapato!

- Todo mundo critica a Calle Florida falando que é pra turista, mas não é tão assim, basta pesquisar bem. Minha amiga ju e eu compramos jaquetas de couro num lugar até razoável chamado Fenix, fica na Florida 681, Local 5 (subsolo) - Galeria Arax (é numa galeria então tem que prestar atenção na numeração senão você passa direto).

- Mas quem quer couro mesmo vá na Calle Murillo, no Bairro Villa Crespo têm lojas boas e baratas, dizem que uma tal de Murillo 666 é uma das maiores lojas que tem aí (dica do site: http://tangosetragedias.folha.blog.uol.com.br/arch2008-09-21_2008-09-27.html).

- Principais Shoppings: Abasto (no Bairro de mesmo nome, é o maior da cidade, com inúmeros atrativos e uma arquitetura linda!); Paseo Alcorta (chique, caro e exclusivo, ora bolas, basta dizer que fica no Barrio Palermo Chico!); Alto Palermo (também é grande e movimentado, adoro!); Buenos Aires Design Center (na Recoleta, dedicado à arquitetura e decoração); Galerias Pacífico (vale a visita pelo belíssimo prédio, segundo meu amigo semi-parisiense de plantão, o André, a Galeria Lafayette de Buenos Aires!); Unicenter (grande, longe e barato - fica na província!); Village Recoleta (tem até uns cinemas e livrarias, mas de lojas é um pouco fraco); Patio Bullrich (menor shopping da cidade!) e El Solar de la Abadia (esses dois últimos eu sou louca para conhecer!).

- Feria de San Telmo (mais antiguidades) , Plaza Francia (mais artesanato, couro, cerâmica e afins), Plaza Manuel Belgrano (também de artesanato!) e Feria de Mataderos (a the best of!!!)

- Avenida Alvear: endereço très chique de Buenos Aires, aí você pode fazer comprinhas básicas em lojas modestas como Versace, Polo, Ralph Lauren, Louis Vuitton, Kenzo e Nina Ricci.

Dica quentíssima: se você for fazer compras nos shoppings, procure um stand de informações, fale que é turista, mostre seu passaporte e voilà: eles te dão um folder que te dá direito, na maioria das lojas, a um desconto que varia de 5 a 20% (dependendo da loja e se o pagamento é à vista ou no cartão de crédito)!
Ah e ainda tem o TAX FREE, nas lojas que têm escrito esse nome você tem direito a uma restituição do imposto (mais ou menos de 20%), funciona assim: você recebe um cupom e tem que ir no aeroporto trocá-lo por dinheiro (se não me engano em pesos) ou se preferir é creditado o valor em dólar no seu cartão de crédito!! Boas compras!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Pensa nisso: Influência!


Na última sexta-feira assisti ao 3º episódio desse programa que está passando no Multishow e adorei.

O programa lança o debate sobre o intercâmbio cultural (e sobretudo musical) , e as diferenças e semelhanças entre o Brasil e os demais países da América Latina, levantando questões controversas como a auto-suficiência da música brasileira, a barreira idiomática (que nos torna quase uma ilha na América Latina) e a questão da identidade cultural e da latinidade (afinal, somos latinos? sul-americanos? ou simplesmente brasileiros!?).
Os episódios mostram a percepção e opinião de muitos artistas sobre a integração latino-americana, e conta com depoimentos de integrantes do Kid Abelha, Aterciopelados, Paralamas do Sucesso, Nenhum de nós, Pato Fu, Capital Inicial, Divididos, Los Piojos, Los Pericos, Soda Stereo, além do Jorge Drexler, Lenine, Paulinho Moska, Otto, Vanessa da Mata, Luiza Possi, Fito Paez, Kevin Johansen, Julieta Venegas dentre outros.

Muitas opiniões são interessantes e divergem entre si: O vocalista do Nenhum de nós chega a afirmar que há um preconceito com a música latina em razão dos Menudos e do Julio Iglesias. Já outros músicos não falam em preconceito mas na dificuldade que a música latina tem de entrar no nosso mercado, resistente ao espanhol e, por outro lado, ressaltam a força da influência yankee no Brasil. Enquanto Lenine fala que é um pecado colocar o Brasil no nicho da música latina (devido à sua riqueza e pluralidade), a Fernanda Takai fala da importância de romper fronteiras e acabar com esse isolamento do Brasil.

Também se destacou o caso singular protagonizado pela banda Paralamas do Sucesso, que fez um tremendo sucesso na Argentina e que, segundo Fito Paez, era considerada e querida como uma banda argentina naquela época!
Outro momento interessante foi quando mostraram algumas músicas em espanhol cujas versões fizeram sucesso aqui, como "Loirinha Bombril" (versão do Paralamas para "Párate y mira!" da banda argentina Los Pericos), "A sua maneira" (versão do Capital Incial para a "Musica Ligera" da banda argentina Soda Stereo), além das incontáveis parcerias do Fito Paez e outros cantores latino-americanos com músicos brasileiros.
Os nossos hermanos sempre tratam de sublinhar sua admiração pela música brasileira. A Julieta Venegas (cantora mexicana que faz sucesso em toda América Latina e já conquistou os EUA) diz que sempre escuta música brasileira e não sabe se algum dia escutarão sua música por aqui!
Com certeza é uma boa reflexão e debate interessantíssimo! Se você ainda não viu, calma, ainda restam mais 3 episódios e você pode ver alguns trechos no site.
Tá aí, recomendado: Programa Pensa Nisso: Influência!, às sextas-feiras às 22:45hs, no Canal Multishow.

Curiosidades: a música "Que ves" do Tihuana é uma versão da música de mesmo nome da banda argentina Divididos. Outra que fez sucesso aqui: "Mulher de fases" dos Raimundos, é versão de "Complicado y aturdido" dos argentinos Los pericos.
O 3º episódio do programa Influência teve como um dos personagens principais o Charly Garcia, músico argentino sensacional que será tema de um próximo post, aguardem!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Fitito de mi corazón

Erich: Oi sumida!
Eu: E aí blza? Sumi mesmo, é que tava de férias.
Erich: E pela foto suponho que estava em Havana, Cuba!
Eu: hahahahaha

Verdade, gente, Argentina e Cuba devem ser os lugares com mais carros velhos do planeta, Cuba a gente até entende o porquê (embargo econômico na cabeça!), agora por que será que na Argentina tem tanto carro velho??? Mistérios...

Em Buenos Aires uma coisa muito interessante que presenciei foi uma carreata só com carros super antigos que parece que saem de passeio pela cidade só para nos deixar babando e relembrar os velhos e bons tempos da gente adinherada e glamourosa de antigamente. Só então percebi que lá é muito comum encontrar carros de colecionadores e gente com verdadeira fixação por carros antigos, portanto, engana-se quem pensa que lá só tem carros antigos caindo aos pedaços, você pode encontrar muitos bem conservados e lindos!

Tá certo que o fusca é um dos carros antigos mais amados e idolatrados, um verdadeiro clássico, mas pra mim a verdadeira paixão chama-se Fiat 600, conhecido popularmente como fitito (que fofo!). Esse carro é uma fofura, pequeninhinho, charmoso e elegante, e fez o maior sucesso na Argentina e no Uruguai, pra completar deixou de ser fabricado nos anos 80, ou seja, está virando praticamente artigo de colecionador e se tornando uma raridade. Eu nunca tinha visto um desses no Brasil (!) e quando vi foi amor à primeira vista. A partir de então, minhas metas para 2009 são:
- aprender a cozinhar (meta que se iniciou em 2007 e que um dia se cumprirá);
- aprender a dirigir (outra meta renovada, não riam, pois desta vez é sério!);
- comprar um fitito!

O mais louco é que tem até clubes de fãs do tal carrinho: o Fiat 600 Club , por exemplo, tem muitos eventos relacionados ao carro e até fotos dos sócios (que são os carros e não os donos!! hehe).
Ah gente... um dia vou aprender a dirigir e ter um fitito pra mim, e nesse dia o mundo será um lugar melhor!

Falando em mini carros fofinhos, é incrível como na Argentinha tem tanto mini cooper (um carrinho super moderno mas com design retrô, um charme e caríssimo), dizem que ficou na moda entre a elite depois que Maradona comprou um.
Outro dia vi um desses aqui em Belo Horizonte e meu queixo quase caiu, que carro lindo! Não é à toa que a filha da Cristina Kirchner aceitou acabar com seu fotolog para ganhar um desses, ô menina esperta!

Curiosidades: na Argentina e em quase toda América Latina o fusca é chamado de escarabajo (escaravelho!).
Pelo que pude perceber, tem um tanto de carro na Argentina com nome diferente do Brasil, por exemplo, tem um que chama Duna que acho que era nosso Premium!
Atenção: Se alguém me oferecer um mini cooper para acabar com esse blog eu nem penso duas vezes haha

domingo, 30 de novembro de 2008

De como me apaixonei por um argentino

Muita gente me pergunta como nos conhecemos. A primeira vez que o vi foi em 2004, no cinema do Usina, lembro que o filme era em español sem tradução e eu não entendi muita coisa*. Uma amiga era fã dele, mas eu nem dei muita bola. No fim do ano passado fomos finalmente apresentados** e só então descobri o quanto ele era interessante, inteligente e misterioso. Em fevereiro deste ano fui a um dos seus cafés favoritos e a partir daí, não resisti mais, me apaixonei por esse argentino*** e comprei meu primeiro livro dele, uma edição pocket de Los premios (pela bagatela de 20 pesos!).


Faz uma semana que terminei de ler Los premios e definitivamente me encantou. A trama junta um grupo mais que heterogênio, de diferentes classes sociais, gerações e nível cultural, que ganha na loteria uma viagem de cruzeiro, com destino incerto e tempo indeterminado. A bordo do navio, enquanto as pessoas vão se conhecendo e dividindo-se em grupos de afinidades, o clima de mistério continua e aumenta a cada momento com uma tripulação suspeita e de língua ininteligível, uma suposta doença contagiosa entre os marinheiros e a estranha proibição dos passageiros de transitarem por algumas partes do barco e irem até à proa. Um grupo permanece apático à situação absurda que lhes é imposta, mas o clima de suspense e a curiosidade vai se apoderando da outra parte dos premiados e, claro, do leitor: mas porque cargas d´'água eles não podem ir à proa? o quê que tem lá afinal? Nem o próprio narrador sabe! A maravilhosa narrativa de Cortázar nos deixa presos do ínício ao fim, exilados como os passageiros, sem acesso à proa e é inevitável chegar ao final e não pensar: Tudo isso pra nada? A história é a frustração elevada à máxima potência, onde os únicos "premiados" somos nós, os leitores!

Medrano, o único dos passageiros que consegue chegar até a proa (e paga com sua própria vida por isso), conclui: a lo mejor la felicidad existe y es otra cosa. Para mim que a felicidade existe, leiamos Cortázar, meus amigos, e sejamos mais felizes!!

Curiosidade: A história começa e termina na tradicional Confitería London City, na esquina de Perú com Avenida de Mayo, onde contam que Cortázar escreveu parte da sua novela.
* O filme era "Cortázar" de Tristán Bauer, documentário em que o esritor narra sua vida e impressões do mundo através de entrevistas.
** Isso foi quando li o conto "La casa tomada", simplesmente fascinante!
*** Argentino que, por acidente, nasceu na Bélgica.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lunfardo, a língua do Gotán!

Assim como o português do Brasil é bem diferente daquele falado por nossos colonizadores lusitanos, o espanhol falado na Espanha é diferente daquele falado na Argentina (e também em cada país da América Latina) possuindo suas nuances, variações e riquezas locais, diferenciando-se quanto ao sotaque, quanto à utilização de palavras distintas (por exemplo, na Argentina se fala birome e não bolígrafo = caneta!) ou aos diferentes sentidos atribuídos às mesmas palavras (coger na Espanha é tomar/pegar, mas na Argentina é transar!). Por isso é normal dar algum fora ou ser alvo de chacota, mas não desanimemos, isso faz parte da vida de turista! Pois, pra piorar a vida do hispanohablante ou do simples especialista em portuñol na Argentina também existe o lunfardo!

O lunfardo ou lunfa é uma espécie de gíria ou dialeto utilizado na Argentina que surgiu nos bairros pobres e marginalizados (assim como o tango) em razão da convivência forçada entre imigrantes e população local. Talvez por isso muitas das palavras lunfardas têm origem galega, francesa, inglesa, italiana, e também africana, indígena e até portuguesa (!). Os tangos imortalizaram o lunfardo original (toda letra de tango tem algo de lunfardo) e hoje em dia essa gíria foi incorporada à linguagem habitual e familiar dos argentinos e, principalmente, dos porteños e também é utilizada para se referir aos argentinismos e neologismos posteriores que alcançaram certa aceitação.

Se você ficar um tempo na Argentina seguramente vai escutar e aprender ao menos alguma dessas palavras: quilombo (bagunça, confusão), pibe (garoto), piola (esperto), boludo (bobo, idiota), plata (grana) guita (muita grana), laburar (trabalhar), macanudo (bacana), mango (dinheiro, 1 peso), mina (mujer), luca (mil pesos), palo (1 milhão de pesos), milonga (dança do tango), mucama (empregada doméstica), trucho (falso), marcha atrás (gay, hahaha), fiaca (preguiça), culo (suerte), caliente (chateado), caradura (cara de pau, sem vergonha), fulera (feia), gayina (covarde ou torcedores do river, haha), hinchabolas (pessoa que enche o saco), imbancable (insuportável), mamado (bêbado), chupar (beber), morfar (comer), mear fuera del tarro (errar!), zafar (escapar), barrón (má notícia), birra (cerveja), chanta (malandro), chorro (ladrão), cana (polícia), matina (manhã), otário (nem precisa traduzir!), timba (jogatina). E por aí vai!
Viram? Tem até algumas expressões parecidas com o português, não é tão desesperador!

Ah, mas ainda existe o vesre! Isso mesmo, assim como o verlan françês (contrário fonético de l'envers), na Argentina tem o vesre (contrário da palavra réves) que é um jogo de palavras misturando sílabas e sons: mujer é jermu, pantalón é lompa, pagar é garpar, telo é o contrário de hotel (mas na verdade quer dizer motel).

Curiosidades: O Gardel era chamado de "troesma" pelos seus fãs/amigos (contrário de MAESTRO!).
Para manter vivo o lunfardo foi criada a Academia Porteña del Lunfardo e foram editados muitos dicionários específicos deste dialeto.
Expressões usuais nas ocasiões tais como:
- ganhar na megasena ou simplesmente achar uma vaga para estacionar: QUE CULO QUE TENGO!
- depois do almoço: QUE FIACA QUE TENGO!
- quando se está nervoso no trânsito: ANDA A CAGAR BOLUDO!
- quando avistamos um piquete ou panelaço: QUE QUILOMBO!
Apesar de ser um xingamento, boludo também é usado carinhosamente entre amigos!
Atenção: não saia dizendo por aí essas barbaridades do lunfardo que você está aprendendo nesse blog, afinal você é uma pessoa de família! hahaha
Cuidado: Se você falar que vai correr no parque, dobre muito a língua para dizer corrrrrer, do contrário vão achar que você vai coger lá e que, portanto, é um depravado (a)!
Enquete: Só depois de um século que descobri que o nome Gotan do grupo Gotan Project é TANGO AO CONTRÁRIO. Ainda bem que meu amigo André me consolou falando que também não tinha percebido, a gente é ou não é muito lento??

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Irifune: Irashaimase!


Já que o tema do mês é a culinária e a comilança, propriamente dita, chegou a hora de você conhecer mais um endereço imperdível em Buenos Aires, o Restaurante Irifune.
O Irifune é simplesmente um dos melhores restaurantes de comida japonesa da cidade e não é à toa que é o mais frequentado pela comunidade nipônica de Buenos Aires e pelos turistas japoneses que estão de passeio por aí. Não se trata de mais um daqueles restaurantes moderninhos de culinária "fusão", lá o que você vai encontrar é a autêntica e tradicional comida japonesa. E não é para menos, o mestre Juan Matsuoka, passou 10 anos no Japão e usa e abusa da técnica e experiência que adquiriu para preparar os maravilhosos sushis e pratos quentes desta especialidade! Os sushis não decepcionam nunca e são preparados na hora com peixes frescos, os sashimis derretem na boca de tão macios, os gyosas são deliciosos e os tempuras de langostinos ou verduras, além de gostosos, são lindos! A comida aí é uma verdadeiras obra de arte, com variadas cores e texturas!
Quando você chega é servido um mini-petisco de brinde para degustar enquanto escolhe seu prato. Há combinados para duas e três pessoas. E se você não gosta de sushi, não se preocupe, lá você também pode se deliciar com os pratos quentes como o arroz com curry e milanesa de cerdo, a carne cozida com arroz no estilo sukyaki ou macarrão caseiro com caldo de frango, cerdo e verduras, dentre outros. Além disso tem uma sobremesa especial: o Ginger Snow Cheese (combinação de sorvete, limão, gengibre e cheese cake), de dar água na boca!
Para acompanhar, sempre cai bem um espumante ou vinho branco, mas o restaurante também conta com uma variadade de cervejas nacionais e importadas (incluindo uma lata de 1l de uma cerveja japonesa super gostosa! hehe). Se você for lá por volta de meio dia, aproveite para provar algum dos diferentes pratos executivos.

Detalhe interessante: quando os clientes entram, o pessoal cumprimenta dizendo “irashaimase”, que significa "bem-vindos" e quando se retiram, despedem-se dizendo "arigato gozaimasu" em agradecimento!
O nome do restaurante significa: bem-vindo ao barco! que poético, não?
Antes o lugar era pequeno, recentemente o restaurante mudou (para alguns metros do antigo local, na mesma rua) e foi ampliado e está ficando lotado. Atenção: o tatame só funciona com reserva!
Mal posso esperar para conhecer o local novo em dezembro e comentar com vocês, wooo!! E se você já foi no lugar novo antes de mim, conte-nos tudo! hehe

Restaurante Irifune, Endereço novo: Calle Paraguay 434/36 - Centro/Retiro (a duas quadras da Calle florida). Tel. 00- xx-54-11-5277-8744

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mamma mia!


Dando continuidade à série "na Argentina não tem só carne" vamos a essa iguaria que é uma unanimidade nacional e internacional, a pizza!
Assim como os brasileiros, os argentinos também adoram uma pizza, alguns falam que por conta da imigração italiana, mas provavelmente deve ser porque pizza é bom e todo mundo gosta!
Lá eles não costumam ter muitos sabores, geralmente são algumas variações da muzzarela, com pimentão, tomate, algum sabor com anchova outro com presunto e por aí vai, nada de invencionices paranormais como uma pizzaria que fui uma vez no Largo do Machado no Rio que tinha até pizza de sushi (arg!!!!!). Lá as pizzas mais comuns são "a la piedra" (que é fina e crocante) e "media masa" (que é a massa pré-pronta que se vende no supermercado para se rechear em casa). Ouvi dizer que existe uma pizza típica da cidade de Rosario, que é a pizza "a la parrilla" que não é redonda, mas em forma alongada feita na parrilla, mas essa eu nunca provei!Tem ainda a pizza por metro (essa eu já tinha comido em Itacaré na Bahia!), pizza canchera ou pizza de cancha (que se vende ao redor dos estágios, que é só com molho de tomate e queijo) e a pizza al tacho (só com queijo). Outras variações são o matambre a la pizza (no lugar da massa vem um pedaço de carne coberto com queijo, tomate e orégano) e a fugazzeta (ou focaccia, do italiano, que é com queijo muzzarela e infinitas rodelas de cebola) ou fugazza (que nem queijo tem, é só cebola). O rodízio de pizza lá se chama "pizza libre", é pra comer como se não houvesse amanhã!
Lá você pode pedir a combinação tradicional de pizza, fainá e moscato. A fainá é feita com farinha de garbanzo (grão-de-bico) e geralmente se põe em cima da pizza. O moscato é um vinho docinho e barato, uma delícia!

Uma das primeiras pizzarias que eu fui em Buenos foi na "Kentucky" da Santa Fé 4602, lá é meio fim de noite, o ambiente meio frenético com garçons da velha guarda e público idem, para ir com amigos e comer uma pizza boa e barata, um clássico porteño.
Outro clássico é "El Cuartito" (Tacahuano 937), que fica aí perto da estação de metrô Tribunales, considerada por muitos a melhor pizza de Buenos Aires. O lugar é antigo (funciona desde 1934) e o ambiente também, no maior estilo "bodegón" porteño, os garçons são de museu e a pizzaria transborda de gente, principalmente quem sai do trabalho e dá uma passada aí para comer "al paso" (no balcão), as mesas também ficam lotadas mas não importa, a pizza é ma-ra-vi-lho-sa e a fugazzeta também, segundo mi amore, a única que concorre com nossa outra indicada ao oscar de melhor pizza: "El Fortín", a pizzaria que vamos nos dias de jogo do All Boys! Ela fica na Av. Alvares Jonte, 5299 esquina com Av. Lope de Vega no Bairro de Montecastro (quase Floresta, o Bairro do Allbo). Os garçons são daquele estilo apressado, a pizza deliciosa feita no forno à lenha pode vir recheada com queijo na borda e a fugazzeta, para quem gosta, é a mais perfeita da face da terra (e olha que eu nem gosto de cebola e adorei!).
Curiosidades: A forma de comer a pizza com fainá, colocando a fainá em cima da pizza se chama "pizza a caballo" (hehe).
Tenho sérias suspeitas de que não existe catupiry na Argentina(!).
O direitor de cinema Francis Ford Coppola, que viveu um tempo em Buenos Aires, era figurinha carimbada na pizzaria El Cuartito.
As bandas Memphis La Blusera e Los Autenticos Decadentes gravaram músicas exaltando as delícias da pizza com fainá. Trecho da irreverente música La pizza con fainá, dos Autenticos Decadentes:
"Me traté de alejar del camino del mal, navegando en la tormenta de la angustia espiritual. Pero nunca pude abandonar la pizza con faina."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Peña, como te quiero

Por incrível que pareça, nem só de carne vive Buenos Aires. Os restaurantes de comida autóctone servem as mais deliciosas comidas típicas e regionais, geralmente com ingredientes usados pelos indígenas, como o milho. As humitas e os tamales vêm embrulhados na casca do milho (parecidos com a pamonha, só que mais temperados), sendo que a humita é um pouco doce e tem queijo no meio, enquanto o tamal é salgado e vem recheado com carne ou charque. Também tem o locro, que é feito à base de milho e de feijão (lembra a nossa feijoada).
Um lugar ideal para você saborear essa comida tradicional é uma peña.
A peña é um lugar aconchegante, para se reunir com amigos, sentir-se em casa, divertir-se num ambiente descontraído e, principalmente: relembrar os sabores, músicas e riquezas da terra natal e, desta forma, preservar a identidade cultural por meio da música, pintura, poesia, culinária ou até mesmo a paixão pelo mesmo time. Geralmente na peña tem um show de música e/ou de folclore (neste caso se chama "peña folclórica", que é a mais comum) e também existem as peñas formadas por torcedores de um time (é a peña futbolera). Mas o bom das peñas, além da comida, é quando as pessoas levam o violão e tocam músicas com seu grupo de amigos ou então com os desconhecidos das mesas vizinhas, rolando a maior integração!
A nossa peña preferida em Buenos Aires é a Peña del Colorado. Incrível, todas as vezes que vou a Buenos Aires temos que ir aí! É algo assim como im-per-dí-vel! ADORO!!
Na peña del colorado o atendimento é informal, as mesas estão sempre cheias e tem sempre um show bom pra ir, seja de música folclórica, tango, jazz ou música popular, sem perder as raízes. Na peña você pode ficar no lugar reservado para o show (aí tem que pagar o preço do show que tiver no dia) mas também tem a opção de ficar no salão exclusivamente para jantar sem ver o show. Quando o show termina muitas mesas sacam seus violões e já começam a cantar animadamente. No fundo da peña tem um lugar super divertido, com piano e tudo, onde ficam os grupos mais animados, dançando e cantando até a peña fechar!
Comidas sensacionais da peña: empanada de carne (picante ou suave) e empanada capresse (com manjericão e tomate), humitas e tamales, guiso de lentejas (lentilhas) mas só no inverno, pastel de quinoa con queso y calabaza (abóbora) e parrillada. De sobremesa, não perca o dulce de cayote e o quesillo! Os vinhos da peña não são dos melhores, por isso a melhor pedida é uma cerveja, de preferência a Salta Negra ou Rubia!
Curiosidade: A Peña del Colorado tem esse nome porque o dono é ruivo (colorado = vermelho)!



domingo, 9 de novembro de 2008

Asado de Domingo

Está todo mundo cansado de saber que na Argentina tem carnes maravilhosas e que os argentinos são o povo que mais come carne ao ano! Mas o interessante é que o asado é muito mais do que uma comida típica (e quase sagrada) na Argentina, o "asado de domingo" é uma verdadeira tradição e praticamente infaltável para grande parte das famílias que gostam de se reunir aos domigos e apreciar a carne, cada uma seguindo seu ritual!

Pra você que como eu, come de tudo (desde peixe a sarapatel, buchada de bode a filet mignon, sem preconceitos) é importante lembrar que existem outros cortes de carnes além do bife de chorizo (sério! haha). O chato é que além dos cortes serem diferentes os nomes também são, olha só: a "morcilla" é o nosso chouriço, o "chorizo" é a lingüiça, o "lomo" é o filé migon, o "bife de chorizo" é o contrafilé, a "colita de cuadril" é a picanha e o "vacío" é a fraldinha. Afe. Tem mas um tanto de corte que eu não consegui achar correspondência e outros que nem tem, mas não importa muito, o importante é você se deliciar e se aventurar no mundo desconhecido das carnes argentinas (que poético!).

Bom, voltando ao asado de domingo, a família porteña que sempre me convida para um asado de domingo segue basicamente esse ritual: primeiro de tudo a entrada que pode ser uma "ensalada criolla" (com tomate, cebola e alface) ou salada de rúcula con parmesão; ou ainda, picles, morrón (pimentão) ou berinjena en scabeche (espécie de conserva), ou se tiver todo mundo esfomeado umas empanadas mesmo. No começo do asado já vão saindo as provoletas (queijo provolone "a la parrilla"), depois os embutidos (chorizos, morcillas, salchicha parrillera) e as "achuras" (riñón, chinchulines, mollejas e entraña), depois temos qualquer uma das seguintes carnes: pechito, costilla ou bondiola de cerdo, pata de cordero, chivito (cabrito), pollo (frango), lomo, asado ou asado de tira, vacío e colita de cuadril (que geralmente vai ao forno). Uma outra opção de carne no asado é o matambre (uma carne enrolada) que pode ser com carne de boi (fervida e recheada) ou de cerdo à parrilla (também recheado, geralmente com tomate, queijo). Ah, também existe a variação que é o "matambrito a la pizza" (coberto com queijo, óregano e tomate).

Os molhos mais comuns são o chimichurri (mais usado no chorizo) ou a salsa criolla (espécie de vinagrete).
Existe uma carne que se chama pamplona (que é uma carne enrolada assim como o matambre) que pode ser de pollo, cerdo ou vaca, muito boaaa!
Para acompanhar o asado a bebida mais indicada é o vinho tinto (de preferência malbec, carbenet savignon ou merlot) e no calor também é comum se tomar espumante e/ou cerveja. Por fim, ainda tem o postre (sobremesa) que geralmente é sorvete ou limon pie. Está explicado porque eu engordei 3kgs depois de ter ido pra Argentina né?

Atenção: Segundo um parrillero famoso que conheço (o pai do Sergio) chinchulin é melhor você comer em casa, bem cozido.
Ah, e o matambre de pollo não é nada recomendável!!

Curiosidade: O asado é a mesma coisa que parrillada, só que a parrillada é o termo mais usado nos restaurantes e tem um sentido mais comercial. Ela é na verdade um mini-asado e dá pra você provar umas 5 variedades de cortes de carne!
A salsicha parrillera é uma lingüiça mais fina que não é tão comum no asado familiar.
A morcilla também pode ser servida fria como fiambre.
O bife de chorizo costuma vir como um prato individual e não acompanha a parrillada. Seu consumo tampouco é muito comum no asado em família, por ser mais caro.
A palavra "chimmichurri" tem uma etmologia duvidosa, segundo teoria mais aceita por este blog: na época da colônia um inglês chamado Jimmy fazia a tal da salsa e o povo pensando que era curry pedia: Jimmy, curry! Aí ficou chimmichurri.
Enquete: A dúvida existencial de todo argentino é: domingo e feriado, asado ou pasta?? geralmente 99% responde: asado se o dia estiver lindo, do contrário, pasta! O outro 1% acho que deve ser vegetariana! :)

domingo, 2 de novembro de 2008

El obrero


Eu adoro essa história:
Quando os Rolling Stones foram fazer um show em Buenos Aires, disse Mick Jagger:
- Me levem a um lugar onde eu possa comer comida argentina!
E levaram o coitado para Puerto Madero. Revoltado, o stones retrucou:
- Não, esses restaurantes são iguais aos de qualquer outro lugar do mundo. Quero comer num lugar tipicamente porteño!!
E levaram o cara para El obrero.
El obrero é um clássico de Buenos Aires. Um restaurante estilo "bodegón" que fica no bairro de La Boca onde os trabalhadores do porto costumavam comer (daí vem o nome: el obrero, o operário). Hoje em dia virou um ícone da culinária, fazendo parte da história e do folclore local, sendo frequentado não só pelos locais, como por famílias, turistas, políticos (até o rei da Espanha já foi comer aí!), famosos e gente que adora comida simples, farta, gostosa e sem rodeios. Lá você vai presenciar os garçons gritando o pedido a 10 metros de distância. De preferência faça seu pedido rápido porque os garçons são apressados, e não é para menos: as mesas estão sempre abarrotadas, mesmo se você for lá numa segunda-feira. As paredes estão cheias de fotos e flâmulas de times de futebol, onde as principais estrelas são, logicamente, o Boca Juniors e o camisa 10.

Lá você pode se deliciar com uma porção de "rabas" (anéis de lula empanados) ou pedir uma tortilla española. As massas são muito boas, principalmente os ravioles, mas muita gente também vai lá para comer peixe. O que não dá para deixar de pedir é o maravilhoso flan caseiro (que pode ser puro ou misto: com creme e doce de leite).
Recomendadíssimo!! Que o diga Mick Jagger!
Cuidado: O restaurante está na Calle Agustín Caffarena e é meio difícil de achar!
O banheiro foi recentemente reformado, por sorte!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

As feiras e "A" feira

Bom gente, se vocês são daqueles que nem vêem mais graça na Casa Rosada, não aguentam mais tirar foto no Obelisco, nem dão mais bola para o Caminito, enfim, não querem mais fazer programa de turista e, sobretudo, encheram o saco da feirinha de San Telmo e das dozentos mil feirinhas de Buenos Aires, seus problemas acabaram!! Chegou a hora de vocês conhecerem a Feria de Mataderos!

A Feira de Mataderos é super interessante, já que não é só uma feirinha de artesanatos como tantas outras que tem por aí, ela também tem música folclórica, comidas regionais, espetáculos de "gauchos" e até uma llama fashion para tirar foto, enfim, uma infinidade de opções de diversão para passar o dia. Um detalhe impressionante é que mesmo alguns porteños nunca foram a essa feira!

A feira é realizada no Bairro de Mataderos, um pouco afastado da zona turística da cidade, e acontece todo domingo. Se você quer ver artesanato com calma o bom é chegar de manhã, que está mais vazia, chegando perto do meio dia começa a encher. Atenção: não deixe de comer lá! Os stands têm várias opções de comidas típicas deliciosas, como empanadas, locro, humitas tamales, etc... Ah, eles também vendem o tradicional "vino patero" (aquele vinho feito com o método artesanal de pisar as uvas! hehe). Falando em comida, a feira vende doces, queijos, fiambres, pães (bollo!), enfim, tudo de bom e do melhor de cada "rincón" da Argentina.

Vale muito a pena!!!!

Dica: tire uma foto com o gaucho Rodolfo Zaldivar!!
Ônibus para chegar na feira: 36 55 63 80 92 97 103 117 126 141 155 180 185
A feira fica no cruzamento da Avenida Los Currales e Lisandro de la Torre.
Curiosidades: O Bairro de Mataderos tem esse nome porque é onde funcionava o antigo matadouro de gado e havia muitos currais por lá. Ainda hoje funciona um matadouro no bairro, onde se vendem carnes de primeiríssima qualidade a preços baixos! Em razão do lugar ser o centro da venda de carnes ficou conhecido como Nueva Chicago (em alusão à cidade americana que é o centro industrial da carne), e esse também é o nome do Clube do bairro. Atenção: o Nueva Chicago é o inimigo mortal do All Boys, meu time do coração na Argentina (que por sorte tem as mesmas cores do meu amado Botafogo)! Apesar da rivalidade, conseguimos comprar uma lembrancinha do All Boys lá, o pessoal, apesar de ter o defeito de ser torcedor do Chicago, é muito simpático (mas escondemos a lembrancinha bem escondido, por via das dúvidas).
"que feo q es ser hincha de chicago....
que feo q es correr en todos lados..."

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

San Fernando e San Isidro











San Fernando e San Isidro são dois dos principais municípios da Grande Buenos Aires. Tomando o trem em Belgrano ou o Trem de la Costa você pode descer em alguma das duas estações que tem o mesmo nome das cidades.
San Fernando é considerada a capital nacional da náutica e o iatismo é um esporte de grande tradição por lá. Quando passamos por lá vimos a Igreja Nuestra Señora de Aránzazu e o Palacio Municipal, mas também tem um monte de quintas e casarões históricos, além da costanera! (uma pena que passamos por lá tão rápido que nem deu pra visitar a cidade direito...).
Descobri que foi lá que nasceu o Xul Solar, um dos maiores pintores da Argentina!!











Já San Isidro é super bonitinha e histórica. A atração principal é a Catedral de San Isidro, de estilo neogótico, órgão e vitrais franceses, um luxo só!! Falando em luxo, aí fica o hipódromo mais chique e tradicional: o Hipódromo de San Isidro, onde são realizadas as principais corridas de cavalo da Argentina (em dezembro acontece o "Gran Premio Carlos Pellegrini" - a prova mais importante do calendário hípico - e em outubro se disputa o "Gran Premio Jokey Club"). Além disso, tem o Museo Pueyrredón e a feira artesanal nos domingos (que é a mais antiga da província de Buenos Aires!) e se realiza aí na Plaza Mitre.
Olha só, a cidade é tão chique que é considerada a capital nacional do rugby e são daí os 4 clubes mais importantes do país: Club Atlético San Isidro, San Isidro Club, Club de Rugby Pueyrredón e Cardenal Newmann.
Curiosidades: O assalto ao banco do filme "Plata Quemada" foi baseado na história real que aconteceu em San Fernando em 1965!
O casamento da novia do filme "El hijo de la novia" foi gravado na Catedral de San Isidro.
San Isidro e San Fernando não são bairros!

sábado, 18 de outubro de 2008

Buenos Aires à la carte

Meus amigos vivem me perguntando milhões de coisas sobre a Argentina! Eu que não sou boba nem nada, visando facilitar a vida desses seres curiosos e folgados (e a minha também, claro!) resolvi fazer uma coletânia das perguntas mais freqüentes e relevantes (ou não!). Voilà:

Documentos necessários para viajar: passaporte ou CI atualizada.

Fazer ligações: DDD: 11; DDI: 54; Para ligar para um celular de lá você tem que discar o 15 antes; Chamadas a cobrar:0800 555 5500 (Embratel) ou 0800 999 5500 (Telefônica); você pode usar os "locutorios" para ligar, que são bem baratos!

Hora local: igual à do Brasil (inclusive eles também adotam o horário de verão);

Melhor época: a cidade é cheia de opções o ano todo, mas a primavera (principalmente os meses de outubro e novembro) é a melhor época: a temperatura é agradável (em torno de 20ºC), os dias são ensolarados, há menos umidade e está tudo florido. As estações são bem definidas, no verão faz muito calor e no inverno muito frio!

Transporte: o metrô é ótimo, barato ($0,70) e uma alternativa rápida, mas como é subterrâneo não dá pra conhecer muito da cidade. Como Buenos Aires é super plana o bom mesmo é caminhar, assim você conhece mais a cidade e de quebra ainda gasta umas calorias! hehehe

Táxis: são negros e amarelos; baratos se comparados aos do Brasil. O melhor é pegar um que esteja aderido a alguma empresa de "radiotaxis". Os táxis do aeroporto não são nada recomendáveis, melhor tomar os de agências cadastradas, os "remises" com preço fixos (garantias de que não vão te "pasear" pela cidade).

Moeda: pesos argentinos! Há bilhetes de 2, 5, 10, 20, 50 e 100 pesos e moedas de 1 peso e de 1, 10, 25 e 50 centavos (a de 5 está quase fora de circulação). A 1ª vez que fui levei dólares (se você optar por isso, pode trocar alguns já no aeroporto para tomar o táxi). Depois, descobri que é mais prático e não sai muito caro sacar em pesos: basta ir em qualquer caixa eletrônico do "Banelco" ou "Link" que estão espalhados por toda a cidade e aceitam praticamente todas as bandeiras de cartões de crédito.
Horário bancário: de segunda a sexta de 10 às 15hs;


Taxa do aeroporto: na volta é cobrada uma taxa em torno de 30dls, mais ou menos 60 pesos (na época que eu fui!), dá para pagar no cartão de crédito!

Companhias aéreas: só viajei de gol e de tam. Sem escrúpulo ou fidelidade: escolho sempre a mais barata mesmo!

Feriados nacionais: 1º de janeiro (Ano Novo); Março/Abril (Semana Santa/Sexta-feira Santo; data variável); 2 de Abril (Dia do Veterano e dos caídos na guerra das Malvinas); 1º de Maio (Dia do Trabalho); 25 de Maio (Aniversário do Primeiro Governo Pátrio); 20 de junho (Dia da Bandeira Nacional); 9 de Julho (Dia da Independência Nacional); 17 de Agosto (Aniversário da Morte de San Martín); 12 de Outubro (Dia da Raça); 8 de Dezembro (Dia da Imaculada Conceição) e 25 de Dezembro (Natal).
Curiosidade: caso os feriados dos dias 2 de abril e 12 de outubro, caiam numa terça ou quarta, trasfere-se para a segunda-feira anterior e caso coincidam numa quinta ou sexta, transfere-se para a segunda-feira seguinte. Já os feriados de 20 de junho e 17 de agosto, nunca são transferidos (sempre são cumpridos no dia em que caírem).

Propina: a propina é a gorjeta, nos restaurantes ela não vem incluída na conta mas o costume é deixar 10% do valor da conta. Para um delivery, 1 peso tá bom demais. Em táxi não se paga propina, só a corrida mesmo. Em outros serviços, como cabelereiro, também é comum se pagar a propina.

Balada: começa muitooo tarde, por volta das 2hs; nos restaurantes pode-se jantar até 23:30hs/ meia noite, mais ou menos.

Idioma oficial: castellano (ou espanhol); embora em Buenos Aires também se fale uma espécie de gíria, o lunfardo (*tema para um próximo post!).

Telefones e Endereços Úteis: Comisaría del Turista: socorre emergência dos viajantes. Fica na Av. Corrientes, 436, telefone: 4346-5748 e 0800-999-5000, atendimento 24hs;
Embaixada do Brasil em Buenos Aires: Calle Cerrito, 1350;
Banco do Brasil em Buenos Aires: Calle Sarmiento, 487, no microcentro;
Informações turísticas: www.bue.gov.ar;
Atenção: Corrente: 220V. Dica importante: leve um "T" (adaptador) porque as tomadas lá são diferentes!

Faça o teste: se você perguntar pra algum porteño qual o maior problema da cidade, provavelmente ele dirá: "la humedad!".

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cine Argentino



Historicamente, ao lado de Brasil e México, a Argentina sempre ocupou um lugar de destaque no cinema latinoamericano. Nos anos 90 surgiu o que se pode chamar de "nuevo cine argentino", marcado pelo caráter independente de suas realizações. A partir desta década, a produção cinematográfica argentina, com o apoio do governo e o talento de grandes diretores e artistas, tem passado por uma intensa revigoração, quer seja no que se refere à qualidade técnica, quer seja quanto à repercussão pública (nacional e internacional) que alcançou, convertendo-se em uma das principais do mundo.

Tentei fazer uma lista dos filmes argentinos desta nova onda (incluindo co-produções com outros países) que já assisti e me surpreendi com a quantidade e qualidade: Plata Quemada (2000); El hijo de la novia (2001); Nueve reinas (2001); La ciénaga (2001); El descanso (2001); Kamchatka (2002); El bonaerense (2002); Valentín (2002); Lugares comunes (2002); Histórias mínimas (2002); Luna de Avellaneda (2004); Abrazo Partido (2004); No sos vos, soy yo (2004); Conversaciones con mamá (2004); La Niña Santa (2004); Buena vida delivery (2004); Elsa & Fred (2005); El Método (2005); El Aura (2005); Tapas (2005); Las manos (2006); Quien dice que es fácil? (2007); La antena (2007) e XXY (2007). Dentre os diretores de destaque estão a Lucrécia Martel, Carlos Sorín, Juan José Campanella (e um montão mais!); os atores com caras mais conhecidas talvez sejam Ricardo Darín, Eduardo Blanco e Diego Peretti, e atriz, só consigo lembrar da Valéria Bertucelli(!).

Já que o tema é cinema, está recomendadíssima a comédia dramática "Un novio para mi mujer", a última de Juan Taratuto que levou milhões de argentinos ao cinema. O filme trata da reconquista de um casal após anos de casamento e é realmente encantadora, divertida e com diálogos fabulosos, principalmente da Tana, que rouba a cena com seu mal humor e histeria. Vale muito a pena!

Curiosidades: A Argentina foi o 1º país da América Latina a produzir um longa-metragem que recebeu o certificado Dogma 95, com o filme Fuckland, de 1999.
Os cinemas de Buenos Aires costumam ter sessões até mais tarde, principalmente nos fins de semana e no verão, quando há as "trasnoches" (sessões que começam bem depois da meia noite). Cinema bom: Cinemark de Palermo. Cinema caro: Village Recoleta. Sede do festival de cinema independente: Abasto. Mega cinema: Norcenter ou Center Norte, que fica em Martinez, acesso pela Panamericana (província de Buenos Aires).
Vocês não acham o Eduardo Blanco muito parecido com aquele italiano Roberto Benigni??