segunda-feira, 27 de abril de 2009

Uma cerveja em Potrerillos...

Bom gente, voltando à série sobre Mendoza, chegou a vez de visitar Potrerillos. Esse é um povoado que pertence ao departamento de Luján de Cuyo e está literalmente encravado na montanha e é, segundo dizem, parada obrigatória para aqueles que estão em Mendoza no inverno, pois lá sempre neva! Mas não se engane, o lugar também é ótimo para visitar no verão, quando se converte em destino dos aventureiros, daqueles que amam os esportes radicais e piqueniques (!).
Uma das atrações principais é o lago/dique de potrerillos, que se pode ver desde perto ou de longe, do alto da montanha, a paisagem é incrível. Aí também estão o rio Mendoza e o rio Blanco que permitem a prática de rafting, caiaque, tirolesa, etc. Resolvemos passear pelo povoado quando, de repente, o Sergio avista uma placa da fábrica da cerveja artesanal Jerome que ele tinha provado há zilhões de anos e era tão boa que guarda a garrafa até hoje. Resolvemos ir até a fábrica que também tem um pub e seguindo as placas de indicação para a fábrica fomos parar na região do El Salto, passando por muita gente fazendo piquenique, casinhas lindas de fim de semana e as chamadas cabañas andinas. No alto, quando tudo acaba, na região dos Altos Manantiales, finalmente, chegamos famintos à fábrica!
O lugar era aconchegante, mas fazia um frio de lascar. A sorte é que havíamos levado roupa de frio no carro e deu pra eu trocar meu modelito de verão. No local há uma coleção de cervejas de todo o mundo que ficam expostas no salão, além de uma mini-biblioteca cujo tema principal, como não poderia deixar de ser, era a cerveja. Aí fomos recebidos pelo Eduardo Maccari que nos contou histórias interessantes do surgimento da fábrica da cerveja e nos deliciamos com um prato de carne de porco com molho de pimenta e cerveja acompanhado de chucrut e, claro, da deliciosa cerveja artesanal jerome! Não deixe de degustar a negra, a rubia, a roja e a diablo! Acabamos nos divertindo tanto que tivemos que procurar um lugar pra ficar aí em Potrerillos (na verdade só íamos ficar a tarde aí e ir para Uspallata). Daí acabamos passando no Mirador Azul (um lindo complexo de cabanas que tinha uma vista privilegiada do lago), mas como estava lotado acabamos indo para as Cabañas de Alto Potrerillos que, apesar de um pouco mais caras que o Mirador Azul, eram muito bonitas e confortáveis. Enfim, no dia seguinte fomos em direção a Uspallata e eu estava louca para conhecer a puente del inca!
Curiosidades: Na parede do pub havia uma foto de um helicóptero sobre a montanha nevada e um agradecimento, o Eduardo nos contou a história da tal foto: um andinista tcheco estava perdido e o pai do Eduardo chamou o resgate, salvando sua vida. Eles se fizeram amigos e o pai do andinista o convidou para ir à república tcheca e, adivinhem? Lá ele aprendeu o método de fabricação da cerveja e produz uma das cervejas mais deliciosas da Argentina, com a água pura que vem do alto das montanhas andinas! A coleção de cervejas do Eduardo é formada por cervejas que ele compra em suas viagens pelo mundo e que os turistas que visitam a fábrica trazem de presente (ou mandam pelo correio). Lá no bar havia garrafas da Brahma, Antarctica, Skol e Itaipava, vou ver se mando para ele da boehmia :)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

De bodega em bodega

Um dos programas básicos de Mendoza, como não poderia deixar de ser, é o passeio pelas bodegas. Devidos aos nossos contatos imediatos de 3º grau, conseguimos passear em algumas das adegas mais importantes de lá (como Chandon, Terrazas, La Rural e Norton) e fomos até em algumas que não são abertas pra visitação (como é o caso da Cheval des Andes e da Finca La Anita), e fizemos degustação dos chamados "vinos de alta gama", oh la la!!
A primeira bodega que visitamos foi a Finca La Anita, que fica em Alto Agrelo, Luján de Cuyo, onde fomos recebidos pelo engenheiro agrônomo e enólogo, que nos levou para conhecer todos os passos da elaboração dessa bebida!
Ao final, terminamos fazendo uma degustação de vinhos (com destaque para um merlot inolvidable) e comemos umas empanadas deliciosas! O segundo dia foi dedicado às adegas do grupo Chandon: Cheval des Andes, Terrazas e Chandon propriamente dita.
A Cheval des Andes surgiu da parceria entre a argentina Terrazas de Los Andes e a francesa Cheval Blanc e fica localizada num lugar privilegiado, aos pés da cordilheira dos Andes, onde foi construído um ambiente exclusivo e requintado que tem até campo de pólo, enfim, parecia a bodega de Caras.
Tomamos aí uma taça de um vinho caríssimo e fomos em direção a Terrazas de los Andes, onde fizemos um rápido tour e almoçamos um menu feito especialmente para nós em que se fazia um marriage entre a comida e o vinho, com destaque para um afincado e um consecha tardía muito bons. Depois, fomos na sede da Chandon, que foi a primeira filial fora da França, lá fizemos uma degustação de Baron B (brût, brût nature e extra brût) e tivemos um bate-papo com a enóloga, que além de ser muito simpática e entender muito de vinhos, era super crítica e não tinha preconceitos com vinhos de outras bodegas!
No terceiro dia fomos visitar a Bodega La Rural, em Maipú, onde está o interessante Museo del Vino e fizemos uma viagem no tempo nos métodos de elaboração do vinho, transporte, armazenamento, etc. Também fizemos uma degustação de um Rutini pinot noir maravilhoso e do sensacional Antologia XIX e no final acabamos petiscando umas empanadas ao ar livre enquanto tomávamos um espumante.
Como o pessoal da Rutini nos recomendou, decidimos passar rapidamente pelo Almazén del Sur para petiscar algo. Apesar do ambiente ser lindo e ser super agradável comer ao ar livre, estava cheio de turistas chatos europeus metidos a hippie que chegavam de bicicleta. O lugar é um pouco onda "gourmet", portanto, vinham uns pratinhos pequenininhos de degustação (não muito recomendável para quem está com fome) e os preços eram um pouco salgados. Daí, saímos correndo para a gigante Norton, em Luján de Cuyo, atualmente considerada uma das maiores da Argentina. Aí, para nossa sorte, chegamos justamente para a hora da degustação (não aguentávamos mais ouvir aquele blá blá blá sobre o processo do vinho, afe!). Tomamos de tudo e mais um pouco e voltamos felizes, contentes e borrachos, claro! Uma pena que não deu pra ir em outras bodegas, como a Catena Zapata ou Salentein, fica pra próxima né?
Atenção: Algumas bodegas só trabalham com reserva então o melhor é ligar antes de fazer sua visita! Em Maipú, aproveite para fazer um tour de bike pela "ruta de los vinos" na região de Luján de Cuyo e Valle de Uco. Não deixe de visitar um olivar, fomos ao Pasrai e compramos muito azeite de oliva e pasta de azeitona, delícia! (Pasrai, Ozamis Sur 2718, Maipú).
Curiosidades: Segundo nos informaram há mais de 1.000 bodegas na região de Mendoza (incluindo-se as bodegas familiares)! Luján de Cuyo é considerada a capital mundial do malbec. Provei vinhos de duas uvas das quais nunca tinha ouvido falar: Semillón e Tocai!
Não esqueça: estando em Mendoza, é primordial comprar um vinho patero (aquele feito com o método tradicional de pisar as uvas com os pés) e um vinho mistela (vinho de mesa!). O mistela mais popular é o Manto Sagrado!