domingo, 30 de novembro de 2008

De como me apaixonei por um argentino

Muita gente me pergunta como nos conhecemos. A primeira vez que o vi foi em 2004, no cinema do Usina, lembro que o filme era em español sem tradução e eu não entendi muita coisa*. Uma amiga era fã dele, mas eu nem dei muita bola. No fim do ano passado fomos finalmente apresentados** e só então descobri o quanto ele era interessante, inteligente e misterioso. Em fevereiro deste ano fui a um dos seus cafés favoritos e a partir daí, não resisti mais, me apaixonei por esse argentino*** e comprei meu primeiro livro dele, uma edição pocket de Los premios (pela bagatela de 20 pesos!).


Faz uma semana que terminei de ler Los premios e definitivamente me encantou. A trama junta um grupo mais que heterogênio, de diferentes classes sociais, gerações e nível cultural, que ganha na loteria uma viagem de cruzeiro, com destino incerto e tempo indeterminado. A bordo do navio, enquanto as pessoas vão se conhecendo e dividindo-se em grupos de afinidades, o clima de mistério continua e aumenta a cada momento com uma tripulação suspeita e de língua ininteligível, uma suposta doença contagiosa entre os marinheiros e a estranha proibição dos passageiros de transitarem por algumas partes do barco e irem até à proa. Um grupo permanece apático à situação absurda que lhes é imposta, mas o clima de suspense e a curiosidade vai se apoderando da outra parte dos premiados e, claro, do leitor: mas porque cargas d´'água eles não podem ir à proa? o quê que tem lá afinal? Nem o próprio narrador sabe! A maravilhosa narrativa de Cortázar nos deixa presos do ínício ao fim, exilados como os passageiros, sem acesso à proa e é inevitável chegar ao final e não pensar: Tudo isso pra nada? A história é a frustração elevada à máxima potência, onde os únicos "premiados" somos nós, os leitores!

Medrano, o único dos passageiros que consegue chegar até a proa (e paga com sua própria vida por isso), conclui: a lo mejor la felicidad existe y es otra cosa. Para mim que a felicidade existe, leiamos Cortázar, meus amigos, e sejamos mais felizes!!

Curiosidade: A história começa e termina na tradicional Confitería London City, na esquina de Perú com Avenida de Mayo, onde contam que Cortázar escreveu parte da sua novela.
* O filme era "Cortázar" de Tristán Bauer, documentário em que o esritor narra sua vida e impressões do mundo através de entrevistas.
** Isso foi quando li o conto "La casa tomada", simplesmente fascinante!
*** Argentino que, por acidente, nasceu na Bélgica.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lunfardo, a língua do Gotán!

Assim como o português do Brasil é bem diferente daquele falado por nossos colonizadores lusitanos, o espanhol falado na Espanha é diferente daquele falado na Argentina (e também em cada país da América Latina) possuindo suas nuances, variações e riquezas locais, diferenciando-se quanto ao sotaque, quanto à utilização de palavras distintas (por exemplo, na Argentina se fala birome e não bolígrafo = caneta!) ou aos diferentes sentidos atribuídos às mesmas palavras (coger na Espanha é tomar/pegar, mas na Argentina é transar!). Por isso é normal dar algum fora ou ser alvo de chacota, mas não desanimemos, isso faz parte da vida de turista! Pois, pra piorar a vida do hispanohablante ou do simples especialista em portuñol na Argentina também existe o lunfardo!

O lunfardo ou lunfa é uma espécie de gíria ou dialeto utilizado na Argentina que surgiu nos bairros pobres e marginalizados (assim como o tango) em razão da convivência forçada entre imigrantes e população local. Talvez por isso muitas das palavras lunfardas têm origem galega, francesa, inglesa, italiana, e também africana, indígena e até portuguesa (!). Os tangos imortalizaram o lunfardo original (toda letra de tango tem algo de lunfardo) e hoje em dia essa gíria foi incorporada à linguagem habitual e familiar dos argentinos e, principalmente, dos porteños e também é utilizada para se referir aos argentinismos e neologismos posteriores que alcançaram certa aceitação.

Se você ficar um tempo na Argentina seguramente vai escutar e aprender ao menos alguma dessas palavras: quilombo (bagunça, confusão), pibe (garoto), piola (esperto), boludo (bobo, idiota), plata (grana) guita (muita grana), laburar (trabalhar), macanudo (bacana), mango (dinheiro, 1 peso), mina (mujer), luca (mil pesos), palo (1 milhão de pesos), milonga (dança do tango), mucama (empregada doméstica), trucho (falso), marcha atrás (gay, hahaha), fiaca (preguiça), culo (suerte), caliente (chateado), caradura (cara de pau, sem vergonha), fulera (feia), gayina (covarde ou torcedores do river, haha), hinchabolas (pessoa que enche o saco), imbancable (insuportável), mamado (bêbado), chupar (beber), morfar (comer), mear fuera del tarro (errar!), zafar (escapar), barrón (má notícia), birra (cerveja), chanta (malandro), chorro (ladrão), cana (polícia), matina (manhã), otário (nem precisa traduzir!), timba (jogatina). E por aí vai!
Viram? Tem até algumas expressões parecidas com o português, não é tão desesperador!

Ah, mas ainda existe o vesre! Isso mesmo, assim como o verlan françês (contrário fonético de l'envers), na Argentina tem o vesre (contrário da palavra réves) que é um jogo de palavras misturando sílabas e sons: mujer é jermu, pantalón é lompa, pagar é garpar, telo é o contrário de hotel (mas na verdade quer dizer motel).

Curiosidades: O Gardel era chamado de "troesma" pelos seus fãs/amigos (contrário de MAESTRO!).
Para manter vivo o lunfardo foi criada a Academia Porteña del Lunfardo e foram editados muitos dicionários específicos deste dialeto.
Expressões usuais nas ocasiões tais como:
- ganhar na megasena ou simplesmente achar uma vaga para estacionar: QUE CULO QUE TENGO!
- depois do almoço: QUE FIACA QUE TENGO!
- quando se está nervoso no trânsito: ANDA A CAGAR BOLUDO!
- quando avistamos um piquete ou panelaço: QUE QUILOMBO!
Apesar de ser um xingamento, boludo também é usado carinhosamente entre amigos!
Atenção: não saia dizendo por aí essas barbaridades do lunfardo que você está aprendendo nesse blog, afinal você é uma pessoa de família! hahaha
Cuidado: Se você falar que vai correr no parque, dobre muito a língua para dizer corrrrrer, do contrário vão achar que você vai coger lá e que, portanto, é um depravado (a)!
Enquete: Só depois de um século que descobri que o nome Gotan do grupo Gotan Project é TANGO AO CONTRÁRIO. Ainda bem que meu amigo André me consolou falando que também não tinha percebido, a gente é ou não é muito lento??

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Irifune: Irashaimase!


Já que o tema do mês é a culinária e a comilança, propriamente dita, chegou a hora de você conhecer mais um endereço imperdível em Buenos Aires, o Restaurante Irifune.
O Irifune é simplesmente um dos melhores restaurantes de comida japonesa da cidade e não é à toa que é o mais frequentado pela comunidade nipônica de Buenos Aires e pelos turistas japoneses que estão de passeio por aí. Não se trata de mais um daqueles restaurantes moderninhos de culinária "fusão", lá o que você vai encontrar é a autêntica e tradicional comida japonesa. E não é para menos, o mestre Juan Matsuoka, passou 10 anos no Japão e usa e abusa da técnica e experiência que adquiriu para preparar os maravilhosos sushis e pratos quentes desta especialidade! Os sushis não decepcionam nunca e são preparados na hora com peixes frescos, os sashimis derretem na boca de tão macios, os gyosas são deliciosos e os tempuras de langostinos ou verduras, além de gostosos, são lindos! A comida aí é uma verdadeiras obra de arte, com variadas cores e texturas!
Quando você chega é servido um mini-petisco de brinde para degustar enquanto escolhe seu prato. Há combinados para duas e três pessoas. E se você não gosta de sushi, não se preocupe, lá você também pode se deliciar com os pratos quentes como o arroz com curry e milanesa de cerdo, a carne cozida com arroz no estilo sukyaki ou macarrão caseiro com caldo de frango, cerdo e verduras, dentre outros. Além disso tem uma sobremesa especial: o Ginger Snow Cheese (combinação de sorvete, limão, gengibre e cheese cake), de dar água na boca!
Para acompanhar, sempre cai bem um espumante ou vinho branco, mas o restaurante também conta com uma variadade de cervejas nacionais e importadas (incluindo uma lata de 1l de uma cerveja japonesa super gostosa! hehe). Se você for lá por volta de meio dia, aproveite para provar algum dos diferentes pratos executivos.

Detalhe interessante: quando os clientes entram, o pessoal cumprimenta dizendo “irashaimase”, que significa "bem-vindos" e quando se retiram, despedem-se dizendo "arigato gozaimasu" em agradecimento!
O nome do restaurante significa: bem-vindo ao barco! que poético, não?
Antes o lugar era pequeno, recentemente o restaurante mudou (para alguns metros do antigo local, na mesma rua) e foi ampliado e está ficando lotado. Atenção: o tatame só funciona com reserva!
Mal posso esperar para conhecer o local novo em dezembro e comentar com vocês, wooo!! E se você já foi no lugar novo antes de mim, conte-nos tudo! hehe

Restaurante Irifune, Endereço novo: Calle Paraguay 434/36 - Centro/Retiro (a duas quadras da Calle florida). Tel. 00- xx-54-11-5277-8744

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mamma mia!


Dando continuidade à série "na Argentina não tem só carne" vamos a essa iguaria que é uma unanimidade nacional e internacional, a pizza!
Assim como os brasileiros, os argentinos também adoram uma pizza, alguns falam que por conta da imigração italiana, mas provavelmente deve ser porque pizza é bom e todo mundo gosta!
Lá eles não costumam ter muitos sabores, geralmente são algumas variações da muzzarela, com pimentão, tomate, algum sabor com anchova outro com presunto e por aí vai, nada de invencionices paranormais como uma pizzaria que fui uma vez no Largo do Machado no Rio que tinha até pizza de sushi (arg!!!!!). Lá as pizzas mais comuns são "a la piedra" (que é fina e crocante) e "media masa" (que é a massa pré-pronta que se vende no supermercado para se rechear em casa). Ouvi dizer que existe uma pizza típica da cidade de Rosario, que é a pizza "a la parrilla" que não é redonda, mas em forma alongada feita na parrilla, mas essa eu nunca provei!Tem ainda a pizza por metro (essa eu já tinha comido em Itacaré na Bahia!), pizza canchera ou pizza de cancha (que se vende ao redor dos estágios, que é só com molho de tomate e queijo) e a pizza al tacho (só com queijo). Outras variações são o matambre a la pizza (no lugar da massa vem um pedaço de carne coberto com queijo, tomate e orégano) e a fugazzeta (ou focaccia, do italiano, que é com queijo muzzarela e infinitas rodelas de cebola) ou fugazza (que nem queijo tem, é só cebola). O rodízio de pizza lá se chama "pizza libre", é pra comer como se não houvesse amanhã!
Lá você pode pedir a combinação tradicional de pizza, fainá e moscato. A fainá é feita com farinha de garbanzo (grão-de-bico) e geralmente se põe em cima da pizza. O moscato é um vinho docinho e barato, uma delícia!

Uma das primeiras pizzarias que eu fui em Buenos foi na "Kentucky" da Santa Fé 4602, lá é meio fim de noite, o ambiente meio frenético com garçons da velha guarda e público idem, para ir com amigos e comer uma pizza boa e barata, um clássico porteño.
Outro clássico é "El Cuartito" (Tacahuano 937), que fica aí perto da estação de metrô Tribunales, considerada por muitos a melhor pizza de Buenos Aires. O lugar é antigo (funciona desde 1934) e o ambiente também, no maior estilo "bodegón" porteño, os garçons são de museu e a pizzaria transborda de gente, principalmente quem sai do trabalho e dá uma passada aí para comer "al paso" (no balcão), as mesas também ficam lotadas mas não importa, a pizza é ma-ra-vi-lho-sa e a fugazzeta também, segundo mi amore, a única que concorre com nossa outra indicada ao oscar de melhor pizza: "El Fortín", a pizzaria que vamos nos dias de jogo do All Boys! Ela fica na Av. Alvares Jonte, 5299 esquina com Av. Lope de Vega no Bairro de Montecastro (quase Floresta, o Bairro do Allbo). Os garçons são daquele estilo apressado, a pizza deliciosa feita no forno à lenha pode vir recheada com queijo na borda e a fugazzeta, para quem gosta, é a mais perfeita da face da terra (e olha que eu nem gosto de cebola e adorei!).
Curiosidades: A forma de comer a pizza com fainá, colocando a fainá em cima da pizza se chama "pizza a caballo" (hehe).
Tenho sérias suspeitas de que não existe catupiry na Argentina(!).
O direitor de cinema Francis Ford Coppola, que viveu um tempo em Buenos Aires, era figurinha carimbada na pizzaria El Cuartito.
As bandas Memphis La Blusera e Los Autenticos Decadentes gravaram músicas exaltando as delícias da pizza com fainá. Trecho da irreverente música La pizza con fainá, dos Autenticos Decadentes:
"Me traté de alejar del camino del mal, navegando en la tormenta de la angustia espiritual. Pero nunca pude abandonar la pizza con faina."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Peña, como te quiero

Por incrível que pareça, nem só de carne vive Buenos Aires. Os restaurantes de comida autóctone servem as mais deliciosas comidas típicas e regionais, geralmente com ingredientes usados pelos indígenas, como o milho. As humitas e os tamales vêm embrulhados na casca do milho (parecidos com a pamonha, só que mais temperados), sendo que a humita é um pouco doce e tem queijo no meio, enquanto o tamal é salgado e vem recheado com carne ou charque. Também tem o locro, que é feito à base de milho e de feijão (lembra a nossa feijoada).
Um lugar ideal para você saborear essa comida tradicional é uma peña.
A peña é um lugar aconchegante, para se reunir com amigos, sentir-se em casa, divertir-se num ambiente descontraído e, principalmente: relembrar os sabores, músicas e riquezas da terra natal e, desta forma, preservar a identidade cultural por meio da música, pintura, poesia, culinária ou até mesmo a paixão pelo mesmo time. Geralmente na peña tem um show de música e/ou de folclore (neste caso se chama "peña folclórica", que é a mais comum) e também existem as peñas formadas por torcedores de um time (é a peña futbolera). Mas o bom das peñas, além da comida, é quando as pessoas levam o violão e tocam músicas com seu grupo de amigos ou então com os desconhecidos das mesas vizinhas, rolando a maior integração!
A nossa peña preferida em Buenos Aires é a Peña del Colorado. Incrível, todas as vezes que vou a Buenos Aires temos que ir aí! É algo assim como im-per-dí-vel! ADORO!!
Na peña del colorado o atendimento é informal, as mesas estão sempre cheias e tem sempre um show bom pra ir, seja de música folclórica, tango, jazz ou música popular, sem perder as raízes. Na peña você pode ficar no lugar reservado para o show (aí tem que pagar o preço do show que tiver no dia) mas também tem a opção de ficar no salão exclusivamente para jantar sem ver o show. Quando o show termina muitas mesas sacam seus violões e já começam a cantar animadamente. No fundo da peña tem um lugar super divertido, com piano e tudo, onde ficam os grupos mais animados, dançando e cantando até a peña fechar!
Comidas sensacionais da peña: empanada de carne (picante ou suave) e empanada capresse (com manjericão e tomate), humitas e tamales, guiso de lentejas (lentilhas) mas só no inverno, pastel de quinoa con queso y calabaza (abóbora) e parrillada. De sobremesa, não perca o dulce de cayote e o quesillo! Os vinhos da peña não são dos melhores, por isso a melhor pedida é uma cerveja, de preferência a Salta Negra ou Rubia!
Curiosidade: A Peña del Colorado tem esse nome porque o dono é ruivo (colorado = vermelho)!



domingo, 9 de novembro de 2008

Asado de Domingo

Está todo mundo cansado de saber que na Argentina tem carnes maravilhosas e que os argentinos são o povo que mais come carne ao ano! Mas o interessante é que o asado é muito mais do que uma comida típica (e quase sagrada) na Argentina, o "asado de domingo" é uma verdadeira tradição e praticamente infaltável para grande parte das famílias que gostam de se reunir aos domigos e apreciar a carne, cada uma seguindo seu ritual!

Pra você que como eu, come de tudo (desde peixe a sarapatel, buchada de bode a filet mignon, sem preconceitos) é importante lembrar que existem outros cortes de carnes além do bife de chorizo (sério! haha). O chato é que além dos cortes serem diferentes os nomes também são, olha só: a "morcilla" é o nosso chouriço, o "chorizo" é a lingüiça, o "lomo" é o filé migon, o "bife de chorizo" é o contrafilé, a "colita de cuadril" é a picanha e o "vacío" é a fraldinha. Afe. Tem mas um tanto de corte que eu não consegui achar correspondência e outros que nem tem, mas não importa muito, o importante é você se deliciar e se aventurar no mundo desconhecido das carnes argentinas (que poético!).

Bom, voltando ao asado de domingo, a família porteña que sempre me convida para um asado de domingo segue basicamente esse ritual: primeiro de tudo a entrada que pode ser uma "ensalada criolla" (com tomate, cebola e alface) ou salada de rúcula con parmesão; ou ainda, picles, morrón (pimentão) ou berinjena en scabeche (espécie de conserva), ou se tiver todo mundo esfomeado umas empanadas mesmo. No começo do asado já vão saindo as provoletas (queijo provolone "a la parrilla"), depois os embutidos (chorizos, morcillas, salchicha parrillera) e as "achuras" (riñón, chinchulines, mollejas e entraña), depois temos qualquer uma das seguintes carnes: pechito, costilla ou bondiola de cerdo, pata de cordero, chivito (cabrito), pollo (frango), lomo, asado ou asado de tira, vacío e colita de cuadril (que geralmente vai ao forno). Uma outra opção de carne no asado é o matambre (uma carne enrolada) que pode ser com carne de boi (fervida e recheada) ou de cerdo à parrilla (também recheado, geralmente com tomate, queijo). Ah, também existe a variação que é o "matambrito a la pizza" (coberto com queijo, óregano e tomate).

Os molhos mais comuns são o chimichurri (mais usado no chorizo) ou a salsa criolla (espécie de vinagrete).
Existe uma carne que se chama pamplona (que é uma carne enrolada assim como o matambre) que pode ser de pollo, cerdo ou vaca, muito boaaa!
Para acompanhar o asado a bebida mais indicada é o vinho tinto (de preferência malbec, carbenet savignon ou merlot) e no calor também é comum se tomar espumante e/ou cerveja. Por fim, ainda tem o postre (sobremesa) que geralmente é sorvete ou limon pie. Está explicado porque eu engordei 3kgs depois de ter ido pra Argentina né?

Atenção: Segundo um parrillero famoso que conheço (o pai do Sergio) chinchulin é melhor você comer em casa, bem cozido.
Ah, e o matambre de pollo não é nada recomendável!!

Curiosidade: O asado é a mesma coisa que parrillada, só que a parrillada é o termo mais usado nos restaurantes e tem um sentido mais comercial. Ela é na verdade um mini-asado e dá pra você provar umas 5 variedades de cortes de carne!
A salsicha parrillera é uma lingüiça mais fina que não é tão comum no asado familiar.
A morcilla também pode ser servida fria como fiambre.
O bife de chorizo costuma vir como um prato individual e não acompanha a parrillada. Seu consumo tampouco é muito comum no asado em família, por ser mais caro.
A palavra "chimmichurri" tem uma etmologia duvidosa, segundo teoria mais aceita por este blog: na época da colônia um inglês chamado Jimmy fazia a tal da salsa e o povo pensando que era curry pedia: Jimmy, curry! Aí ficou chimmichurri.
Enquete: A dúvida existencial de todo argentino é: domingo e feriado, asado ou pasta?? geralmente 99% responde: asado se o dia estiver lindo, do contrário, pasta! O outro 1% acho que deve ser vegetariana! :)

domingo, 2 de novembro de 2008

El obrero


Eu adoro essa história:
Quando os Rolling Stones foram fazer um show em Buenos Aires, disse Mick Jagger:
- Me levem a um lugar onde eu possa comer comida argentina!
E levaram o coitado para Puerto Madero. Revoltado, o stones retrucou:
- Não, esses restaurantes são iguais aos de qualquer outro lugar do mundo. Quero comer num lugar tipicamente porteño!!
E levaram o cara para El obrero.
El obrero é um clássico de Buenos Aires. Um restaurante estilo "bodegón" que fica no bairro de La Boca onde os trabalhadores do porto costumavam comer (daí vem o nome: el obrero, o operário). Hoje em dia virou um ícone da culinária, fazendo parte da história e do folclore local, sendo frequentado não só pelos locais, como por famílias, turistas, políticos (até o rei da Espanha já foi comer aí!), famosos e gente que adora comida simples, farta, gostosa e sem rodeios. Lá você vai presenciar os garçons gritando o pedido a 10 metros de distância. De preferência faça seu pedido rápido porque os garçons são apressados, e não é para menos: as mesas estão sempre abarrotadas, mesmo se você for lá numa segunda-feira. As paredes estão cheias de fotos e flâmulas de times de futebol, onde as principais estrelas são, logicamente, o Boca Juniors e o camisa 10.

Lá você pode se deliciar com uma porção de "rabas" (anéis de lula empanados) ou pedir uma tortilla española. As massas são muito boas, principalmente os ravioles, mas muita gente também vai lá para comer peixe. O que não dá para deixar de pedir é o maravilhoso flan caseiro (que pode ser puro ou misto: com creme e doce de leite).
Recomendadíssimo!! Que o diga Mick Jagger!
Cuidado: O restaurante está na Calle Agustín Caffarena e é meio difícil de achar!
O banheiro foi recentemente reformado, por sorte!