sábado, 28 de março de 2009

Mendoza: aí vamos nós!

No dia 07 de março chegamos à cidade de Mendoza, que fervilhava em plena Fiesta Nacional de la Vendimia (Vendimia = colheita), logo, todas as ruas do centro estavam interditadas, o trânsito estava caótico e, claro, todos os hotéis lotados! A festa é realizada todos os anos no primeiro fim de semana de março e celebra a colheita da uva, além de desfiles, carros alegóricos e shows, conta com o carrusel (espécie de cortejo com carruagens), o ato central e a escolha da rainha da vendimia. Segundo muitos moradores, a festa se tornou algo comercial e foi um pouco desvirtuada com o passar dos anos, já que antes as "reinas de la vendimia" eram camponesas que trabalhavam nos vinhedos e hoje em dia são todas estudantes universitárias que nunca colheram uma uva sequer!
Mendoza é uma cidade grande com ares de interior, as maiores atrações são a Plaza Independéncia, o Centro Cívico, a Peatonal Sarmiento (onde há uma grande concentração de lojas e bares), os dois Casinos da cidade, o Mercado Central e o Parque San Martín.
A cidade é super limpa, as ruas são todas arborizadas, vemos ônibus elétricos circularem e asequias em praticamente toda a cidade (espécie de canais por onde corre água limpa utilizada para irrigação).
Infelizmente, a oferta gastronômica e de vinhos foi decepcionante, as poucas parrillas que encontramos no centro serviam de tudo, inclusive massas e peixes (ecletismo demais não é lá um bom sinal) e eram lotadas de turistas e, por conseguinte, com preços à la Puerto Madero. Quanto aos vinhos, incrivelmente, não havia muita variedade (!) e os preços eram os mesmo de Buenos Aires!! Isso mesmo, na terra do vinho, ao contrário do que pensávamos o vinho não era barato e o pior, encontrávamos as mesmas marcas ou até menos que em Buenos Aires. Foi duro, mas enfim encontramos alguns poucos lugares recomendáveis para comer. O primeiro trata-se de um restaurante tradicional, que nos foi recomendado pelo dono da Finca La Anita, o Restaurante Don Mario, com uma ótima e bem servida parrilla, ambiente requintado, preços justos e carta de vinhos mais do que completa, vale muito à pena (há duas sucursais, fomos na que fica na Rua 25 de maio, 1324 em Guaymallén). A outra opção é a Parrilla Nuevo Encuentro (que fica na rodovia acceso este, já em Maipú), é uma espécie de churrascaria de beira de estrada com ambiente familiar, buffet livre, preços mais do que baratos, atendimento informal, comida gostosa (incluindo o chivito), um bom vinho da casa e, o fator que mais nos convenceu: estava cheia de lugareños (isso mesmo, nativos, nada de turistas!).
As vinhotecas de Mendoza não fugiam à regra geral: oferta dos mesmos vinhos que encontramos em Buenos Aires! Mas eis que surge na nossa frente por obra do destino a maravilhosa Viñoteca Viognier (Rua Amigorena 94, no Centro de Mendoza, perto do Hotel Sheraton), que oferecia uma grande variedade de vinhos regionais, de bodegas familiares, vinhos de autor, enfim, vinhos de marcas pouco ou nada conhecidas, bons e baratos! Exatamente o que buscávamos em Mendoza! Felizes e contentes, voltamos pra Buenos Aires com 3 caixas de vinhos exclusivos e deliciosamente desconhecidos!
Mas o melhor de ir à Mendoza, não é propriamente passear pela capital, é ir às bodegas, aos olivares, às cidade vizinhas (como Maipú, Luján de Cuyo, Tunuyán e Guaymallén mais próximas, ou em lugares mais afastados como Villavicencio, Potrerillos, Uspallata e Tupungato), andar de bicicleta pelos vinhedos, fazer 4X4, rafting e outros esportes radicais e, na minha opinião, viver a experiência mais inesquecível de todas: contemplar os Andes bem de perto!
Hospedagem: lá tem uma ampla rede hoteleira (exceto na época da vendimia, você tem muitas opções para escolher: desde chiques como o Sheraton e Park Hyatt aos mais econômicos como o Ibis, onde ficamos pela bagatela de 119 pesos - não é à toa que estava cheio de brasileiros). No dia em que não conseguimos hotel ficamos num albergue, o "La casita de la Abuela" em Coquimbito, Maipú (Carril Urquiza 1424). Atenção: se você não está de carro não fique no Ibis, pois fica longe do centro (fica na Lateral Sur Acceso Este 4242, na cidade de Guaymallén).
Curiosidades: Segundo informações não oficiais e parcialmente confirmadas por este blog, os mendocinos (principalmente as mulheres) são considerados o povo mais bonito da Argentina.
No mcdonald's de Mendoza são servidas empanadas, vinho e sanduíche com abacate (!).
Ao contrário do que diz a sabedoria popular, as empanadas mendocinas não têm uva passa (pelo menos as que eu comi!).
Até no aeroporto de Mendoza há plantações de uva, é mole?!
O time Independiente Rivadavia de Mendoza também estava hospedado no Ibis e vimos o burrito Ortega.
Acredite se quiser: tomei mais cerveja Andes que vinho em Mendoza!
Dica final: aproveite para comprar alfajores ou chocolates mendocinos (que não são fáceis de encontrar em Buenos Aires), a marca mais conhecida de lá é a "La Cabaña".

sexta-feira, 27 de março de 2009

Primeira parada: Nihuil

Há duas formas de ir para Nihuil, com ou sem emoção. Mas como se aproximava da hora do almoço e estávamos com pressa para chegar e armar uma barraca num campig qualquer (sim, resolvemos acampar) decidimos ir pelo caminho mais rápido e, por consequência, sem emoção, que passa pela Cuesta de Los Terneros e paramos para tirar fotos no Mirador La Ventana, que tem, além de uma linda vista, um nome sugestivo e uma placa convincente.



Ao chegarmos na Villa El Nihuil propriamente dita, fomos direto às maiores atrações turísticas: o dique gigante (onde muitos turistas de uma excursão se acotovelaram para tirar fotos) e o impressionante Cañón del Atuel. Em um breve passeio pela vila nos demos conta de que não havia ninguém nas ruas e nenhum restaurante estava aberto: claro, era hora da siesta gentem!! Pra completar, quase nos perdemos e nos metemos nas dunas El Nihuil (onde foi realizada uma das etapas do Dakar e nada mais nada menos que 30 carros desistiram e um pegou fogo!). Depois desse sufoco, o máximo que conseguimos encontrar foi a mercearia do Sr. Marco aberta, onde compramos um vinho regional de 12 pesos, ingredientes para fazer sanduíches e umas cervejas Andes!
O camping onde paramos fica no Clube dos Pescadores e parece ser o melhor da região! Lá é lindo, na beira do dique, tem quadra de tênis, lugar de camping, cabanas e casas de veraneio, banheiro coletivo decente e com água quente (informação super relevante), bar/restaurante com empanadas mendocinas com massa caseira deliciosas e muita tranquilidade (afinal, março já é considerada baixa temporada e só tinha mais um família além da gente acampando!). No dia seguinte, desarmamos a barraca e voltamos para San Rafael pelo caminho de Valle Grande, dessa vez, COM MUITA EMOÇÃO, até demais pro meu gosto! Trata-se de um caminho sinuoso que passa pelo Valle Grande, às margens do Cañon del Atuel de um lado e do Rio de mesmo nome do outro. Na região há um complexo de hidrelétricas contando com os diques Aisol e Tierras Blancas. Em Valle Grande o pessoal costuma fazer rafting e outros esportes náuticos. As paisagens são para deixar qualquer um de queixo caído!

quinta-feira, 26 de março de 2009

San Rafael, en passant

Tomando a RN 155, depois de todos os "quilombos" possíveis (incluindo-se conserto do vidro e do pneu da caminhonete, e a tentativa desesperada de colar o farol na última hora!) finalmente pegamos a estrada com destino a San Rafael. Desobedecendo os conselhos sábios de Gustavo, não dormimos em Realicó: para nossa tristeza, depois dessa cidade não havia absolutamente nada (à exceção do posto de controle, onde fazem a higienização do carro e verificam se estamos portando frutas ou qualquer outro produto cuja entrada é proibida em Mendoza). Passar pela pampa à noite, com certeza, não foi uma das experiências mais agradáveis, como não dava pra parar em lugar nenhum, tivemos que lutar contra o sono e o tédio da paisagem e seguir direto até General Alvear, onde dormimos num posto de gasolina e quase morremos de frio!
No dia seguinte foi só alegria: já estávamos em Mendoza e foi o máximo ver as plantações de uva por todos os lados!!! Daí pra San Rafael foi um pulo.

Apesar de ser uma das cidades mais importantes da província de Mendoza, San Rafael mantém a tranquilidade de um povoado. Logo quando chegamos avistamos o Cassino, algumas igrejas e fomos na Secretaria de Turismo procurando por sugestões do quê fazer aí e nos deram duas opções irresístiveis: passear no Dique Los Reyunos ou ir pra Nihuil. Mas como não tínhamos tempo pra fazer os dois passeios, optamos por ir a Nihuil. Assim, deixamos San Rafael e seguimos viagem!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Crendices populares

No meu primeiro dia de trabalho depois das férias, como de costume, fiz meu relato de viagem para o Vítor, que me perguntou que tal eram as estradas na Argentina. As estradas lá têm pedágios em sua maioria com preços módicos e, por consequência, super bem cuidadas - pelo menos as "rutas nacionais" por onde passamos, com destino à San Rafael (RN 155) e Mendoza(RN 07) - e com quase nenhuma curva (!). Quando passamos pela pampa era um nada por todos os lados e um medo de dormir devido ao tédio da paisagem!
Mas, sem dúvida, uma das coisas que mais me intrigou foram esses altares vermelhos na beira da estrada (e eu lá sabia que na Argentina tinha macumba, minha gente???). Mas não se tratava de macumba, e sim do culto ao Gauchito Gil, uma figura popular que é devotada como santo por muita gente. A história do Gauchito é cheia de versões e incertezas, pelo que andei pesquisando uma das versões é a seguinte: o gaucho Antonio Mamerto Gil Núñez participou da guerra da triplíce aliança e da guerra civil em Corrientes, onde desertou, foi capturado e morto. Diz a lenda que, antes de morrer, Gil pediu para rezarem em seu nome por seu filho doente e este se reestabeleceu, o que foi considerado um milagre. Outra versão diz que quando foi capturado o gauchito disse para o comissário que o prendeu que seu filho estava doente, ao chegar em casa e ver seu filho enfermo o comissário rezou em nome do gauchito Gil e seu filho se curou.Tal crendice não conta com o aval da igreja católica que classifica a devoção ao gauchito como mera superstição.
Mas as crendices não param por aí. Outro dia estávamos perto de Nihuil, quando vi uma montanha de garrafas pet e comentei com meu jeito ecológico de ser "quanta gente porca nesse mundo, heim?!", mal sabia eu que cometia uma blasfêmia, pois aquilo era um altar em homenagem à defunta Correa! Isso mesmo, outra figura mítica que é cultuada por muitos como santa não só na Argentina mas também no Chile! A lenda é bem interessante: María Antonia Deolinda Correa resolveu seguir seu marido, recrutado para a guerra civil, e atravessou o deserto de San Juan levando consigo seu filho lactante. Os mantimentos e água acabaram e Correa morreu de sede e exaustão. Mas, para espanto de todos, quando seu corpo foi encontrado seu filho ainda estava vivo, supostamente graças ao leite que o corpo da mãe continuou produzindo mesmo depois de sua morte. O evento foi considerado um milagre e até hoje são construídos altares para a defunta Correa, onde as pessoas deixam como oferendas suas respectivas garrafas.
Curiosidades: O santuário oficial do gauchito fica a 8km de Mercedes, província de Corrientes e o local de peregrinação à defunta Correa fica em Vallecito, província de San Juan.
No Chile existe uma banda de rock chamada Difuntos Correa, que usa tal nome em razão desta tradição popular.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Adivinanzas

Bom pessoal, esse é um post relâmpago, só para informá-los que por incrível que pareça não abandonei o blog! Em alguns minutos estamos saindo em direção a Buenos Aires e semana que vem já estou de volta ao Brasil. Pra que vocês fiquem com um pouco de curiosidade, lhes dou algumas dicas de em qual lugar do mapa estou: pertinho da cordilheira dos andes, na terra onde dizem que encontramos o melhor malbec do mundo e onde o chivito é a comida obrigatória em qualquer parrilla!
Ah, sí, seguro que voy a extrañar ese lugar!